terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Presença de Jesus Conosco

O primeiro capítulo do evangelho de Mateus e, também, do Novo Testamento começa revelando Jesus Cristo como sendo o “Deus conosco” (Mt. 1:23). O mesmo evangelho, no último capítulo, revela a linda promessa do próprio Jesus, dizendo que Sua presença continuaria com Seus filhos para sempre. “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

Estas palavras de Jesus, que envolvem uma preciosa promessa, foram ditas a um punhado de seguidores para encorajá-los com a certeza de que o “Deus conosco” veio para identificar-Se com a raça humana e, mesmo voltando para o Céu, Ele não os deixaria sozinhos.

Esta promessa atravessou os séculos, caminhou nos milênios e ainda hoje é repetida a cada crente sincero. Nós não devemos duvidar, não precisamos discutir, porque quem fez a promessa não está sujeito às circunstâncias, aos eventos, ou a qualquer poder temporário. Ele é o Dono do Universo, o Criador e mantenedor de “tudo o que nele há”. Ele é o Deus “que não pode mentir” e que cumpre fielmente o que promete. (Tito 1:2; Hb 10:23)

Conta-se que os estudantes da Universidade de Glasgow, na Escócia, convidaram Davi Livingstone, o grande missionário que trabalhou na África por vários anos, para fazer o discurso de formatura. Era uma luxuosa e concorrida cerimônia. Pessoas importantes vieram de toda parte para ouvir aquele homem de Deus. Ali, diante daquela selecionada platéia, estava aquele discípulo de Cristo. Um verdadeiro apóstolo, com toda sorte de marcas no corpo. Mosquitos perigosos lhe causaram cerca de trinta febres, cobras venenosas o atacaram muitas vezes e o seu corpo estava mutilado em resultado da luta com um leão.

O que teria a dizer o velho e experiente missionário àqueles jovens formandos?

Livingstone se levanta e diz: “Meus amados jovens, vocês podem imaginar qual foi a minha garantia nesses anos que estou passando no centro da perigosa África? Suportando graves enfermidades, enfrentando feras bravias, homens pagãos, a solidão dos anos, a necessidade e a dor?

Livingstone abre a sua surrada Bíblia e lê reverentemente Mateus 28:20: “E eis que estou convosco todos as dias até a consumação do século”. “Aqui está a fonte da minha resistência, o motivo de meu sacrifício, o poder da minha missão”, disse. “Sinto Jesus ao meu lado, caminhando à minha direita, o meu Mestre, o meu auxílio, a minha proteção nas angústias. O meu companheiro divino de todas as horas. Ele me diz: ‘Eu estou com você Davi, todos os dias até o fim.’” Daí, acrescenta Livingstone: “Eu estou de volta à África, onde espero deixar o meu coração enterrado debaixo de uma árvore.”

Anos depois, o velho missionário morreu no centro da África e o seu coração foi deixado ali, enterrado debaixo de uma árvore, conforme o seu desejo.

Quantas vezes, lamentavelmente, nós duvidamos dessa poderosa promessa, de que ela é também para nós neste século! Jesus confirma a cada instante de nossa vida, a cada lance de nossas ações: “Eu estou com vocês, ajudando-vos, guiando-vos, confortando-vos, santificando-vos, dando-vos êxito em falar palavras que atraiam a atenção dos outros para Mim.”

Por que existem tantas pessoas desorientadas? Nós as encontramos caídas nas sarjetas, povoando as cadeias, freqüentando bares e boates, escravos de toda espécie de vícios. Alguns são revolucionários, briguentos e vingativos. Outros, até chefes de quadrilhas e senhores do tráfico de entorpecentes.

Por que tantas pessoas cheias de traumas, desvios, depressão e angústia nesta sociedade moderna? Porque rejeitam a presença especial e maravilhosa de Jesus em suas vidas. “Eu quero estar com você hoje”, diz Jesus. “Eu quero ser o seu pastor. Escuta-Me. Eu lhe guardarei, ainda que passe pelo vale da sombra da morte. Eu estarei com você!” Quando você quiser, Cristo começará a operar milagres em sua vida, em seus negócios, nas suas alegrias e tristezas. Ele diz: “Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is. 41:10).

Infelizmente, vozes satânicas, inimigas do bem, as forças das trevas, insistem em nos desviar da senda de luz. As hostes espirituais da maldade nos atracam com frequência nos lugares celestiais. Precisamos confiar em nosso melhor amigo, acreditar na Sua ajuda, aceitar o Seu poder curador do corpo e da alma.

Precisamos ter a certeza de que Jesus está ao nosso lado a todo instante. Ele está acima de nós para nos abençoar; ao nosso lado para nos guardar; a nossa frente para nos guiar e atrás de nós para nos impulsionar a segui-Lo na estrada da vida e no “caminho eterno” (Sl 139:24).

Alguém disse: “Em Ti, meu bom Jesus, tenho posto toda a minha esperança; em Ti confio e sempre confiarei; em Ti perco todo o medo. Só Tu livras o meu espírito das dúvidas e traz alívio ao meu coração. A Tua presença me faz esquecer as dores que afligem o meu pobre corpo e afugenta os meus temores. Eu sou feliz em saber que Tu estás comigo sempre, em todos os momentos do meu viver”.

O convite de Jesus para você é: “Vinde a Mim… e achareis descanso para a vossa alma.” (Mt 11:28-30)

Sua promessa é: “A Minha presença irá contigo, e Eu te darei descanso”. (Êx 33:14)

A paixão e o entusiasmo dos empreendedores

Duas características muito fortes do empreendedor, seja ele empresário ou colaborador de uma empresa, são a sua paixão e o seu entusiasmo.

Todo empreendedor é um apaixonado pelos seus empreendimentos e mesmo pelo ato de empreender. Ele logo se apaixona por idéias novas, projetos novos, novas formas de ver a realidade e agir para modificá-la. E quando dá início ao seu projeto, mesmo tempos depois, ele não perde a paixão do começo. Ele vive todos os dias como se fosse o primeiro. Ele tem a paixão e a garra do primeiro emprego mesmo anos após estar na mesma empresa. Ele tem o entusiasmo e a paixão do primeiro dia, mesmo anos depois de sua empresa ter conquistado o sucesso. E essa paixão e esse entusiasmo contagiam os seus liderados e amigos. E essa paixão e esse entusiasmo inibem os adversários.

A palavra “entusiasmo” vem de “théos” em grego que significa “deus”. Os gregos eram panteístas e politeístas, acreditavam em muitos deuses. E a vidente de Delphos ao dar os oráculos se dizia “entusiasmada”, isto é, sentia-se arrebatada pelos deuses, como se tivesse um deus dentro dela. Com um deus dentro dela ela era capaz de transformar a realidade e fazer as coisas acontecerem apesar das adversidades aparentes. Por isso os gregos iam a Delphos, para que, entusiasmados pela vidente, fossem capazes de transformar a realidade apesar das adversidades aparentes. (Parágrafo usado para apresentar de maneira curiosa a etimologia da palavra "entusiasmo". O Blog Nisto Cremos é monoteísta e crê que somos entusiasmados por um único Deus).

O entusiasmo do empreendedor é muito diferente de um simples otimismo. O otimista é uma pessoa que aguarda, torce e até acredita que as coisas possam dar certo. O entusiasmado acredita na sua capacidade de vencer, de transformar a realidade e de fazer as coisas acontecerem. O otimista é um reativo enquanto que o entusiasmado é sempre um proativo – ele age em direção à mudança e não apenas reage às circunstâncias.

E o empreendedor sabe que para vencer os desafios destes tempos loucos e competitivos é preciso muito entusiasmo e uma ardente paixão pelo que se faz. Ele sabe que só conseguirá colaboradores se entusiasmar as pessoas com a sua paixão. Ele sabe que uma pessoa morna, apática, jamais conseguirá motivar alguém a seguir um caminho difícil ou pouco trilhado no passado, a conquistar com ele o sonho em que nem todos acreditam. Não conheço nenhum empreendedor de sucesso sem paixão pelo que faz e sem entusiasmo para enfrentar os desafios de fazer.

E é preciso compreender que a única maneira de ser entusiasmado é “viver entusiasticamente”. Não há outra. O empreendedor sabe que a melhor maneira para fracassar é ficar esperando as condições ideais para depois agir. O empreendedor cria as condições de sua ação com sua paixão pelo fazer.

As perguntas que faço ao leitor deste pequeno artigo são:

1. Você age em direção ao sucesso ou espera as condições ideais para depois agir?
2. Você procura se unir a pessoas melhores que você e as entusiasma com a sua crença na capacidade de vencer obstáculos?
3. Você procura gostar do que faz e sente gratidão pelos que ajudaram você a chegar até aqui?
Faça esta reflexão. Pense nisso. Sucesso!

A sublimidade do conhecimento de Cristo

Na Bíblia, vemos uma linguagem variada para expressar a beleza da experiência da salvação em Cristo. Às vezes fé, em outras o perdão e, também, a justificação, além de outros termos. Porém, existe uma expressão que acredito ser a mais abrangente e específica, ao mesmo tempo: conhecer a Cristo.

Em João 17:3, lemos que Jesus, ao orar por seus discípulos, diz: “E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Não existe experiência mais sublime na vida de alguém do que conhecer a Cristo! Nenhum outro escritor bíblico conseguiu dizer isso como o apóstolo Paulo. “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo para ganhar a Cristo” (Filipenses 3:7,8).

As coisas mais valiosas da vida não tinham nenhum valor para Paulo. Em outras traduções, em lugar da palavra “refugo” aparecem as palavras “lixo” e “esterco”. Por meio destas metáforas, Paulo desejava expressar, com força, a importância de conhecer a Cristo.

Temos aqui uma lição a aprender. No dia-a-dia e no exercício de desenvolver relacionamentos, nada pode superar o conhecer a Cristo. Não podemos nos contentar em apenas ter informações a respeito dEle. Precisamos de uma relação íntima, pessoal e constante. É esse conhecimento que transforma, molda o caráter e restaura a imagem de Deus em nós.

Enquanto Paulo buscava conhecer mais a Cristo e desfrutar dos resultados espirituais desse conhecimento, ele escreveu em Filipenses 3:13 e 14: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

Vemos o apóstolo se abrindo e revelando seus mais profundos sentimentos. Assim como, também, fala de seu conflito espiritual entre o não fazer o que quer e fazer o que não quer (Romanos 7:15-20).

Paulo não se utiliza de falsa modéstia quando diz não haver alcançado o conhecimento de Cristo. Ele simplesmente reconhece que, em sua própria experiência, ainda tinha muito a conhecer de Cristo e da santidade provinda desse conhecimento.

Dificilmente, se encontrará na história da Igreja alguém que tenha conhecido Jesus mais que Paulo. Ainda assim, ele diz: “Não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço…” O apóstolo tinha um propósito: avançar no conhecimento de Cristo. Não que ele só fizesse uma única coisa em sua vida, mas o essencial era crescer no conhecimento de Cristo.

Querido amigo, sempre irá existir algo a mais a se conhecer de Cristo. É pena que muitos deixem que a rotina os distraia do que é essencial na vida. Às vezes, mesmo coisas importantes absorvem nosso tempo e o melhor de nossas energias. Mas, precisamos estabelecer corretamente nossa escala de valores: diante da sublimidade do conhecimento de Cristo, tudo o mais é perda.

Dica: Se para conhecer mais de Cristo você precisa realizar menos, opte por conhecê-Lo mais. Se, para isso, você tiver que abrir mão de privilégios, receber menos elogios e ter menos histórias para contar, conheça-O mais. Desta vida não levamos nada, somente nosso conhecimento.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009


A Fé não está à venda

“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras…e muitos seguirão as suas práticas libertinas, e por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda e a sua destruição não dorme”. (II Pedro 2:1-3 – Versão Bíblica Almeida Revista e Atualizada).
Estas são as palavras atribuídas ao discípulo de Jesus Cristo, chamado Pedro, mas poderiam ser as palavras de algum grande pensador moderno que trate de liderança religiosa ou secular. O grau de pertinência das palavras inspiradas de Pedro é comprovado pelo noticiário cotidiano. A expressão “farão comércio de vós (ou vocês)” encontra eco hoje na mente de muita gente que é vítima ou praticante da comercialização da fé. Sim, definitivamente para muitos oportunistas e aproveitadores inescrupulosos a fé virou produto que já gera, também, como podemos assistir nos últimos dias, a uma guerra entre emissoras de TV. Claro que não somos ingênuos e sabemos que a luta de duas grandes redes de televisão brasileiras (Globo e Record) se dá por dinheiro (audiência, espaço na mente humana consumidora voraz de dados e informações). Cada uma delas usa as armas que dispõe para atacar a outra. E ambas exploram as fragilidades da concorrente para tentar desgastar sua imagem perante o público.
Mas, por trás dessa batalha motivada pela ganância, está a mercantilização de algo que não é produto, mas que assim passou a ser considerada. A fé. Não, prezados leitores, a fé não é mais um produto a ser trabalhado pelas equipes de marketing com a finalidade única e exclusiva de ser vendido a um determinado custo. Ao contrário do que se começou a se pregar e propagar há alguns anos no meio religioso e que agora virou assunto na boca da população em geral, a fé é muito diferente do que se tem apresentado em parte da mídia, parte das igrejas, parte da sociedade civil, parte do mundo corporativo.
Se você quer ter uma definição fidedigna de fé pode se direcionar a um livro que trata com propriedade do assunto: a Bíblia. Mas não comece com preconceitos, pretextos e indisposição para entender o contexto. Vá de maneira sincera e aberta para entender o que é fé. E acabará contrastando o conceito moderno e distorcido de fé com o conceito antigo, mas atual descrito através dos vários autores da Bíblia Sagrada.
Dizem que a fé exige barganha, ou seja, a pessoa dá dinheiro e recebe algo de volta: curas físicas, bênçãos materiais (eu disse, materiais) e garantia de uma trajetória linear sem percalços nesse mundo. Jesus Cristo, no entanto, o maior entendido de fé, falou em renúncia do próprio eu, em abnegação, em altruísmo e disse que a fé sincera poderia remover uma montanha. Nas palavras Dele, “não acumuleis para vós tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mateus 6:19), ou então, “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). A fé tem relação com algo espiritual essencialmente. Obviamente Deus não se alegra com o sofrimento humano por falta de dinheiro ou doenças, mas aqui Ele trata de algo bem maior, a confiança e a dependência Dele. A máxima dita por Jesus, conforme João 16:33, é a de que “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
Alegam que a fé é uma atitude positiva, um estado de espírito, algo que surge e vai embora com a mesma intensidade, um sentimento fugaz, passageiro, transitório. Mas de acordo com o grande entendido, Jesus Cristo, que para alguns não passa de revolucionário ou profeta de grande importância – mas que na Bíblia é chamado de Deus mesmo – fé tem a ver com uma convicção plena a qualquer momento, ainda que não se consiga enxergar o que está à frente. Na inspiração do autor do livro de Hebreus, “fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem” (Hebreus 11:1). Não é simplesmente um bom pensamento, uma “fezinha” capaz de assegurar uma bolada de dinheiro através de um sorteio.
Enfim, a fé não pode ser vendida pelo óbvio motivo de que não é um produto ou um serviço que se oferece, nem no templo e nem na lotérica. A fé é a confiança em Deus e isso não tem preço ou custo humanos. “A fé não vem de vós, é dom de Deus”, diz o apóstolo Paulo em Efésios 2:8. Consigo concluir que a fé é algo bem maior que o ser humano tenta reduzir, por interesse ou conveniência, querendo obter vantagem sem pensar que poderia ser beneficiado de maneira mais ampla ainda. É isso mesmo! Se tivermos uma fé genuína, ainda que pequena como o grão de mostarda, faremos coisas muito maiores do que simplesmente ter dinheiro ou alívio físico ou emocional. Seremos felizes de verdade porque teremos confiança e esperança.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Arte e o Culto
O principal e primordial objetivo de cada ser humano ao entrar num templo não deve ser outro senão o de adorar. Embora o que faça Deus aceitar a adoração e o culto seja um espírito humilde e abatido diante da majestade do Criador do Universo e uma consciência de debilidade própria por parte dos adoradores, há contudo certos atos de adoração que se devem revestir de especial cuidado a fim de trazer à mente dos adoradores um ambiente propício para que o ato de adorar através de um processo de abstração, possa, na realidade, levar o indivíduo a ter uma íntima comunhão com Deus.
Em se tratando de tal acontecimento que é o de haver comunhão e comunicação da criatura com o Criador e do Criador com Suas criaturas, através da adoração e do culto prestado por seres finitos, falhos e imperfeitos, somos aconselhados pela própria revelação a estar conscientes da Santidade deste Deus que nos criou.
“Adorai o Senhor na beleza da Sua santidade” – Salmo 96:9.
O salmista nos concita aqui a adorarmos ao Senhor na beleza da Santidade. Isto nos quer sugerir que aquilo que é santo é também belo, e que existe Beleza na Santidade divina. Deve haver, portanto, elevada correlação entre o que é Santo, Bom e Puro e o que é Belo.
Se agregarmos a esta idéia, outra encontrada em Salmo 100:4, onde o povo de Deus é convidado a entrar nos átrios do Senhor com música e cântico, para adoração, somos levados a admitir que devemos usar as belas artes para adorar ao Senhor que é, em Si, o autor e fonte de beleza.
Queremos tecer alguns comentários a respeito do uso desta forma de conhecimento que é a arte. Na realidade arte seria uma parte do conhecimento como as ciências, letras, moral ou outra forma qualquer. A arte seria o cultivo da beleza em suas várias formas de expressão. É a noção reta das coisas a fazer; fazer bem feito.
Mas o que é Beleza? Quando podemos dizer que algo é Belo? Uma enciclopédia diz simplesmente: “Beleza — qualidade do que é belo; harmonia de proporções, perfeição de formas, qualidade do que é agradável à vista ou ao ouvido, o que desperta admiração; tipo de perfeição física, coisa muito agradável”.
De acordo com Mercier, “beleza é a qualidade de uma obra que por coordenação feliz de suas partes, exprime intensamente e faz admirar um tipo ideal, ao qual ela se reporta”.
São Tomás de Aquino simplesmente dizia: “beleza é aquilo que agrada ver”. Lahrs acrescenta: “Beleza é a expressão de uma vida particularmente rica, livre e harmoniosa, a qual, sendo conhecida, estimula agradavelmente o uso de nossas faculdades representativas e emotivas: os sentidos, a imaginação, a razão e o sentimento”.
Encontramos nestas definições pelo menos alguns conceitos do que venha a ser beleza:
a. Forma de expressão.
b. Expressão de alguém ou de alguma coisa.
c. Para que a obra ou alguém seja belo é necessário satisfazer certas características que possuam elementos subjetivos e objetivos.
d. Deve provocar em quem contempla um estado de emoção.
Portanto, para que uma obra seja bela deve haver elevada correlação entre os elementos subjetivos e objetivos que a compõem, isto é, as características desta obra devem ter certas qualidades que deverão ser apreciadas por quem as contempla.
Expliquemos um pouco melhor. Uma obra para expressar algo de belo deve possuir como qualidades o esplendor da ordem e perfeição. Deve conter nos elementos que a formam harmonia, equilíbrio, proporção das partes, de formas, sons, cores, movimentos e de palavras.
Permanece, no entanto, a pergunta: o que é que determina se uma obra é proporcional em suas partes? Quando dizer que algo está em equilíbrio, fora do mundo físico? Como saber se existe harmonia de cores, formas, sons, movimentos e palavras? Em suma, como saber qual é o paradigma ou modelo da beleza? Quais as leis que regulam e norteiam uma obra de arte considerada bela? Como, neste mundo de divergências, gostos e individualidades, saber realmente o que é a beleza para poder se usar esta beleza na adoração, num sábado de manhã nos átrios do Senhor?
Convido-vos a voltarmos nossa atenção a dois textos, um da Palavra de Deus e outro do Espírito de Profecia[2]. Comecemos pelo segundo que se encontra no livro Educação, pág. 41: “Como o Autor de toda a beleza, sendo Ele próprio amante do Belo, Deus proveu o necessário para satisfazer em Seus filhos o amor do belo”.
O segundo é o que encontramos no Salmo 27:4: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor, e meditar no Seu templo”.
O Senhor é o autor da beleza, e é Ele quem determina as leis que regulam algo que deve ser considerado belo ou não. É o Senhor do Universo quem deve ter a última palavra na questão. E se a beleza pode ser contemplada no Senhor e sendo Deus perfeito em beleza, por que não concluir logo que o modelo, o paradigma da Beleza é o nosso Deus, a quem vamos adorar no templo no sábado pela manhã?
Toda a beleza é uma expressão dAquele que é o autor da Beleza e é em Si mesmo o modelo para tudo o que é belo. Portanto, quando alguém consegue produzir uma obra de arte, qualquer lampejo de beleza, isso não é nada mais do que uma forma de revelação dAquele que é o Pai das luzes.
Vamos agora para os elementos subjetivos da obra de arte. Diz-se hoje que a arte é uma forma de expressão e deve ser totalmente subjetiva e expressar o que vai no íntimo do indivíduo. Os que propagam a arte moderna querem que se veja beleza nas obras produzidas por indivíduos que, interiormente, são desequilibrados e sem inspiração. Onde encontrar beleza e harmonia nestas obras? Simplesmente não as há porque não existe mais harmonia, equilíbrio e proporção na vida individual nem coletiva. Se arte moderna deve expressar toda frustração, desequilíbrio, maldade e pecado que vai pelo mundo, por que devemos nós, que estamos lutando contra a correnteza da maré do pecado que já assola este planeta há seis mil anos, perder os últimos minutos que nos restam, contemplando obras que só vão produzir emoções nefastas e nefandas em nossa vida cristã?
Na realidade, se uma obra de arte, como dizia S. Tomás, deve agradar aos sentidos, é necessário que estes sentidos se achem regulados conforme as leis naturais e sobrenaturais que Deus colocou no ato da criação. A obra de arte não é irracional ou incompreensiva. Apela também à razão, pois esta não deve estar divorciada da emoção para que haja uma vida de equilíbrio e proporção.
As artes podem ser usadas para dois propósitos definidos. O primeiro deles é o propósito utilitarista, para alcançar certos objetivos didáticos, comerciais ou outro qualquer. O que nos interessa é o segundo. Somos instados a contemplar o Senhor em Sua beleza a fim de que nossas emoções sejam incentivadas, excitadas e que possamos, aliadas à razão e à fé, usá-las para adorar ao nosso Criador enquanto Lhe prestarmos um culto racional.
Todas as capacidades do homem devem ser usadas na adoração e as emoções são uma destas capacidades. A beleza deve agradar aos sentidos e somos convidados a contemplar o Senhor em Sua beleza a fim de, levados pela emoção, sabermos apreciar a beleza de Seu caráter e sermos transformados à Sua semelhança através desse processo contemplativo.
Há uma estreita e íntima relação entre os elementos emotivos e racionais na adoração e para podermos usar uma obra de arte na adoração, seja ela qual for, deve haver integridade do objeto, proporção ou unidade na variedade, clareza na inteligibilidade.
Como produzir uma obra de arte que vá expressar a beleza objetiva e que desperte a admiração subjetivamente?
Voltemos à inspiração:
“É lei do espírito adaptar-se gradualmente aos assuntos de que é ensinado a ocupar-se. Se ele se ocupa apenas com coisas comuns, tornar-se-á definhado e enfraquecido. Se nunca lhe é exigido atracar-se com problemas difíceis, quase perderá, depois de algum tempo, a faculdade de crescimento”. — Patriarcas e Profetas, pág. 665.
“Como imaginou em sua alma, assim é” – Provérbios 23:7.
Eis aí o segredo. Para produzir uma obra de arte ou mesmo interpretá-la ao se adorar, são necessários hábitos operativos mentais. Quer imitando, expressando ou mesmo criando uma obra de arte, a mente deve estar estruturada de acordo com os padrões de beleza impostos por Aquele que é o Autor de toda a beleza. Para que possamos apreciar o belo ou produzir uma obra de beleza é necessário primeiro saber o que é beleza, mediante o contato, a contemplação e imitação daquele Ser que é em Si, o paradigma da Beleza. Conhecer as leis que devem reger uma obra de arte é obrigação primordial de todo o artista cristão. Isto quer dizer, prezados jovens, que a arte moderna, que, influenciada pela filosofia existencialista de hoje, quer abolir todas as normas e regras para a ação e o fazer do homem, não é mais nada do que a negação da própria arte. Afastai-vos dela.
A obra de arte é regida por leis e é necessário e imprescindível que aquele que se dispõe a produzir uma obra de arte tenha suas estruturas mentais orientadas de acordo com as normas e leis criadas e mantidas por Deus.
Qual o uso que se deve fazer de uma obra de arte?
Lemos novamente da pena inspirada:
“Fazia-se com que a música servisse a um santo propósito, a fim de erguer os pensamentos àquilo que é puro, nobre e elevado, e despertar na alma a devoção e gratidão para com Deus. Que contraste entre o antigo costume e os usos a que muitas vezes é a música hoje dedicada! (...) A música faz parte do culto de Deus nas cortes celestiais e deveríamos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos aproximar tanto quanto possível da harmonia dos coros celestiais”. “O coração deve sentir o espírito do cântico, a fim de dar a este a expressão correta”. — Patriarcas e Profetas, pág. 662.
O grande objetivo da educação e da vida é restaurar no homem a imagem de Seu Autor. Se somos transformados pela contemplação, quão oportuno é nos deixarmos emocionar pelas obras artísticas que na realidade contêm elementos de beleza. Quando contemplamos, apreciamos e nos satisfazemos com uma obra de arte, despertam-se em nós emoções enobrecedoras e sentimos o desejo de ser melhores cristãos. Para isso, no entanto, são necessários recolhimento, reflexão paciente, gosto nela perfeição, inspiração e meditação. Não se consegue pela agitação, correria e desatenção que caracteriza a vida moderna.
A arte pode criar emoções que exprimem o clima, o ambiente de certos momentos ou ocasiões. Quando ouvimos “A Criação Completa Está”, do Oratório A Criação, de Haydn, podemos na realidade sentir o clima de júbilo que marcou o primeiro sábado deste mundo. Se quisermos sentir a solenidade daquela sexta-feira quando nosso Redentor expirava no Calvário, ouçamos Tenebrae Factae Sunt, de Ingegneri. Para sentirmos as emoções vibrantes e marciais da vitória divina durante a Reforma, ouçamos e cantemos Castelo Forte, de Lutero.
Todos nós devemos ser artistas quer para elaborar uma obra de arte, quer para interpretá-la ou simplesmente para apreciá-la. O artista cristão estrutura sua mente conforme as leis que Deus deixou para reger a obra de arte. Só então ela pode expressar, mesmo que vagamente, as maravilhas do que o olho não viu nem ouvido ouviu, e só então poderemos fazer com que nossos cânticos possam se aproximar dos coros angelicais. Quando em nossa vida estivermos nos aproximando do ideal que Deus tem para Seus filhos — a santificação — só então poderemos manifestar o ideal em nossa obra de arte. Quando a mente se acha estruturada conforme Deus, quando tivermos, como disse Paulo, a mente de Cristo, então vamos reproduzir a Beleza divina na pintura, na música, na escultura, na poesia ou noutra arte qualquer.
Quando chegamos ao templo para adorar, devemos fazer diferença entre o sacro e o profano. Quando, em nossas reuniões religiosas ou cultos que rendemos a Deus, entoamos nada mais que música popular com uma letra pretensamente sacra, não fazemos nada mais que trazer fogo estranho perante o altar do Senhor e isto só pode ser considerado como abominação e sacrilégio diante dos olhos divinos.
Quando o coração e a vida de um artista estão cheios de amor para com Deus e seus semelhantes, quando sua vida é pautada por uma estrita aderência aos princípios divinos, quando a mente se acha estruturada por um conhecimento claro, preciso e detalhado das leis que regulam o Universo de Deus, quando os sentimentos e as emoções se acham despertos, controlados e dirigidos pelo poder do Santo Espírito, então, e só então, ele poderá produzir urna verdadeira obra de arte que vai exprimir a Beleza da Santidade divina.